Um Trabalhador na Vinha do Senhor
A primeira reacção do papa Bento XVI, no final do Conclave, e após a sua eleição, na varanda da Praça de S. Pedro, foi de elevado significado: apresentou-se como um “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”. O actual papa é um dos maiores teólogos contemporâneos, inteligente, profundo conhecedor da Igreja, antigo arcebispo de Munique e Presidente da Congregação de Doutrina e Fé. Nos últimos anos assumiu-se como um dos homens-chave na definição da ortodoxia na Igreja Católica e um dos mais importantes colaboradores de João Paulo II.
Num encontro com jornalistas, em 30 de Novembro de 2002, ocorrido na Universidade Católica de Santo António de Múrcia, o cardeal Ratzinger afirmava: «O anúncio de Cristo e seu Evangelho num mundo relativista é um dos desafios centrais da Igreja». Por isso, concluía, «temos de fazer o Evangelho acessível ao mundo secularizado de hoje».
O relativismo ético é uma atitude de fundo que tende a negar a existência de valores objectivos absolutos, sobre os quais se poderá basear o comportamento moral. Isto é o comportamento dos homens está ligado aos contextos histórico-sociais em que vivem. Assim cada um terá a sua visão própria e relativa. A subjectividade dos comportamentos passa assim a ser a tónica de vida, com todos os perigos daí advenientes.
Não podia a Igreja ser entregue a melhor pontífice, que se revela de uma enorme segurança, tão necessária no mundo de hoje, relativista, materialista e hedonista. Uma rocha onde pode a Igreja segurar-se melhor, nesta constante agitação terrena, ao sabor de marés que nos inundam.
Bento XVI quer ser à semelhança de S. Bento e de Bento XV um papa evangelizador, num ambiente adverso e perverso, onde a fé se vai esvaindo, no dia a dia de correria e ansiedade. Um papa evangelizador a começar pela Europa que tão necessária está de ser cristianizada.
Bento XVI apresenta-se como o papa capaz de dar a serenidade e tranquilidade que os católicos precisam para poderem ser verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, levando a Sua Palavra aos ambientes profissionais mundanos, brutos e duros. Onde impera a arrogância, a incompreensão, a busca incessante do prazer, o egoísmo e mesmo a exploração.
A comunicação social, mais habituada à cobertura dos acontecimentos políticos, interessou-se mais em qualificar e etiquetar o novo papa de conservador ou de menos progressista, como se isso fosse possível. Um evidente erro de avaliação quiçá mesmo de interpretação. Embora cada papa tenha o seu estilo próprio o magistério é sempre o mesmo. A linha da Igreja está bem alicerçada na Palavra de Deus e daí não pode sair sob pena de ser incongruente com Jesus Cristo e com o seu Plano de Salvação.
João Paulo II dizia que «não há um programa novo para inventar. Está tudo escrito no Evangelho e na tradição da Igreja. Mudam apenas os problemas a enfrentar: os desequilíbrios ecológicos, a paz, os direitos humanos, as novas fronteiras da ciência…» A Igreja Católica não pode ser uma instituição de conveniência, adaptando-se aos gostos e caprichos dos fiéis, ou às ondas da moda da sociedade.
Ora agora não convém ter um bebé, por razões económicas, sociais ou outras, por não ser cómodo, então a mulher grávida aborta. E comete-se um crime abominável, tirando a vida a um nascituro. Alguém poderá esperar que a Igreja Católica alguma vez apoie ou permita o aborto? Com este ou outro qualquer papa? E repudiar fortemente o aborto é ser conservador?
Ou já não tenho paciência, nem tempo, para aturar os meus familiares idosos, que para nada servem, e proporciono a eutanásia. E assim promove-se uma sociedade jovialista e descartável. Onde impera o culto do corpo e do “usa-e-deita fora”.
Na Bélgica foi lançado recentemente o “kit eutanásia”. Uma tamanha monstruosidade. Alguma vez a Igreja Católica poderá aceitar isto?
Ou agora acho que os homossexuais devem contrair matrimónio e mesmo adoptar crianças. Alguma vez a Igreja Católica vai permitir esta aberração, como começou a acontecer agora na vizinha Espanha e já existia na Holanda e na Bélgica?
Ou considera-se enfadonho, fora de moda, participar na eucaristia, o sacramento de acção de graças, pelo Ressuscitado, e simplesmente não se vai. Tudo é relativo e aceitável dentro de um conceito de liberdade instalado, sem regras e sem princípios. E por isso, como dizia um padre amigo: hoje baptiza-se cristãos para se converter ateus.
Toda a gente quer ser baptizada, mas poucos vivem como verdadeiros cristãos. Estamos na época do homem “light” no que concerne ao cristianismo. O baptismo é uma oportunidade para um festa muito bonita, materialmente repleta, mas nem pais nem padrinhos são cristãos activos e nem se quer sabem porta-se na eucaristia. Parece que o templo serve apenas de palco para a festa. O mesmo se passa com o sacramento do matrimónio que amiúde não passa de um espectáculo mediático para sociedade assistir.
Um baptizado adquire logo a responsabilidade de ser cristão e assim fiel à Palavra de Deus que é clara: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Isto é através de Jesus Cristo é que se encontra o caminho para o Pai, a sua doutrina é de verdade e representa o meio para encontrar este caminho, para uma vida eterna.
Não podemos dizer que a Igreja é de padres, bispos, cardeais e papas. A Igreja somos todos nós os baptizados, mas vivendo sob princípios cristãos, fundamentados nas Escrituras, com coragem, determinação e alegria.
Que Deus proteja este importante trabalhador na vinha do Senhor, que tomou o nome papal de Bento XVI, e que represente a segurança e a tranquilidade que o catolicismo precisa.
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