segunda-feira, junho 06, 2005

A Súplica de uma Criança

“Senhor, não quero pedir- Te nada de especial nem difícil . Hoje só quero pedir- Te um grande favor, sem que os meus pais se apercebam: faz de mim um televisor!
Sim, faz de mim um televisor, para que os meus pais se interessem por mim como se interessam pelo televisor, para que olhem para mim como minha mãe ou o meu pai acompanham os seus programas preferidos; quero falar como essas pessoas, porque quando elas falam, toda a minha família se cala para as escutar. Desejo ver a minha mãe dar tantos suspiros à minha frente como faz quando olha para o televisor. Queria que o meu pai se risse tanto comigo como faz quando acompanha um programa cómico na televisão.
Desejaria ser o televisor para ser o rei da casa, para me tornar o centro das atenções, para ocupar o melhor lugar, para que todos os olhares se voltassem para mim.
Desejaria que os meus pais se preocupassem tanto comigo como se preocupam quando o televisor se avaria.
Desejaria fazer companhia à minha mãe, quando ela se sente sozinha, quando se sente triste.
Gostaria de ser televisor para ser amigo dos meus pais e a pessoa mais importante para eles.
Pai do Céu, se me transformasses num televisor, eu poderia ter outra vez pais, e ser outra vez feliz. Por favor, Pai, faz de mim um televisor!” (Autor desconhecido)
De facto vivemos numa sociedade em que os pais não têm tempo para os filhos. Segundo um estudo recente do INE, cada família portuguesa, em média, despende por dia com o acompanhamento das crianças (ensino e conversa) apenas 40 minutos. E cerca de 1 hora e 20 minutos, por dia, em cuidados regulares (refeições e higiene diária) e uma hora em cuidados físicos e de vigilância.
Em média os pais passam mais tempo a ver televisão por dia, do que a cuidar dos filhos. Os portugueses passam actualmente em média 3h e 27m em frente ao écran da televisão. É preocupante!
A televisão domina o ambiente familiar e condiciona a família de forma decisiva. É um intruso que se instala na família, para o bem e para o mal. É um intruso que tem de ter as suas regras, para que haja uma verdadeira harmonia familiar, com base no diálogo, na disponibilidade e no amor.
Atiremos uma forte pedrada ao charco, neste Natal, e sejamos menos telespectadores e mais família. As crianças, mais tarde, vão apreciar e agradecer.
Um bom e santo Natal.