Questões da Vida e da Família
As legislativas de 20 de Fevereiro caminham a passos largos e mais uma vez a verdadeira discussão e debate públicos praticamente não existe. Mas que deve e tem de existir esta discussão e debate políticos todos concordamos. Há questões fundamentais que devem ser esclarecidas e debatidas pelos candidatos a deputados pelo círculo dos Açores. Isto é também cidadania, de que tanto se fala.
Os futuros deputados, como representantes deste povo insular, devem traduzir a opinião e vontade da maioria da população. E nunca agir da sua própria cabeça ou ao abrigo de qualquer disciplina partidária redutora e irrealista. Mormente no que se refere a questões raramente debatidas e de uma importância fulcral: questões da Vida e da Família.
Indubitavelmente que a Lei das Finanças Regionais é um assunto de importância para o financiamento da Região. Assim como o aprofundamento da autonomia, eventualmente também da lei eleitoral e da revisão do estatuto político - administrativo da Região. São temas que devem ser debatidos com serenidade, competência e elevação cívica.
Mas não se pode ficar por aí. Há questões pertinentes relacionadas com a Vida e a Família, que dizem muito aos açorianos, e devem ser amplamente debatidas também. Queremos saber a opinião dos candidatos a deputados, mormente dos cabeças de lista dos principais partidos políticos.
Queremos saber o que o Dr. Mota Amaral pensa sobre a alteração da lei do aborto. Deve-se manter o quadro legal de sanções existente? Deve-se considerar o aborto como crime para todos os seus agentes? Apoiará legislação sobre a legalização da eutanásia? E sobre a clonagem humana?
E o que pensa o Dr. Ricardo Rodrigues sobre o reconhecimento do embrião como ser humano, e como tal protegido em termos penais? E se for apresentada legislação sobre a legalização do casamento de homossexuais vai aprovar ou não? E da possibilidade das uniões de homossexuais adoptarem crianças?
Olhos nos olhos os eleitores destas ilhas devem saber o que pensam os candidatos a deputados sobre questões da Vida e da Família.
Não podemos andar constantemente a passar cheques em branco a estes cidadãos, que poderão ser os nossos deputados. Queremos clara e inequivocamente saber como se vão portar no hemiciclo, perante estas questões, para não termos surpresas.
Que conceito de família é que tem o Dr. Ricardo Rodrigues e o Dr. Mota Amaral? Famílias de homossexuais, mono-parentais, união de facto, ou a família tradicional e genuína de marido, mulher e filhos?
Que pensam fazer para corrigir a penalização fiscal que incide sobre o casamento e sobre casais com filhos?
E o que defendem para combater a pobreza e a exclusão social que grassa na Região? Como pensam intervir para termos uma justiça mais célere e eficaz na Região?
Queremos saber o que vão fazer para proporcionar mais segurança nos Açores, que começa a ser preocupante, por falta de efectivos policiais e pela onda de libertinagem e vandalismo que assola algumas das nossas ilhas.
Pretendem os eleitores açorianos saber o que pensam fazer para que o Tribunal de Família e de Menores funcione, e que resolva atempadamente situações graves de crianças em perigo, ou de crianças a “apodrecer” nas instituições de acolhimento, sem um projecto de vida?
Acabemos com o “raio” do politicamente correcto, da retórica inconsequente ou da argumentação falaciosa. Estamos todos fartos até dizer basta!
Queremos verdade na boca dos nossos candidatos a deputados. Estamos saturados de falas baratas e ardilosas. De políticos autómatos e autistas, ausentes e desintegrados dos seus eleitores. E por isso queremos saber como é que pensam interagir com os seus eleitores após eleitos? Ou só os vamos ver novamente na próxima campanha eleitoral?
Só assim os açorianos podem votar em liberdade e segundo a sua consciência.
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