quarta-feira, abril 26, 2006

Escavações, aterros e betão em Ponta Delgada

A zona ribeirinha de Ponta Delgada, entre a Praça Vasco da Gama e o Clube Naval, vai acolher, nos próximos anos, 3 projectos de investimento de grandes dimensões.
O Portas do Mar num investimento do governo regional de quase 50 milhões. A central rodoviária e os parques subterrâneos da marginal, num investimento municipal de 30 milhões. O Casino Hotel e o centro comercial da Calheta, um investimento privado, de cerca de 30 milhões. São 110 milhões que vão ser investidos na marginal de Ponta Delgada.
A cidade de Ponta Delgada nunca mais vai ser a mesma, para o bem e para o mal.
O Portas do Mar é um projecto multi-funcional, de excessiva dimensão para o local, que agrupa vários equipamentos. Vai ser um polo de atracção de muito trânsito e variados conflitos na já saturada marginal. A sua própria construção vai trazer problemas sérios a Ponta Delgada nos próximos 2-3 anos. Adivinha-se um caos, na frente hoteleira de Ponta Delgada.
A central rodoviária na Praça Vasco da Gama e os parques subterrâneos na marginal é um projecto também grandioso cujo custo-benefício suscita inúmeras dúvidas, embora se desconheça ainda o seu detalhe. Trazer e concentrar mais trânsito na marginal, à primeira vista, não parece razoável.
Os parques de estacionamento subterrâneos na marginal, para além de poderem ser uma obra complicada, o seu custo não parece compensar o benefício de mais algumas centenas de lugares de estacionamento. Que em muito pouco vão resolver o grave problema de trânsito que subsiste na zona urbana de Ponta Delgada. Entram por ano em S. Miguel alguns milhares de viaturas e uma grande parte destas acaba por circular em Ponta Delgada.
O Casino Hotel e o centro comercial na Calheta é um importante investimento privado, e que vai ser também um polo de concentração de ainda mais trânsito na zona da marina.
Prevê-se, com a concretização destes projectos, uma concentração exagerada de equipamentos na marginal, que vai bloquear completamente esta via, onde já existem importantes unidades hoteleira.
Tudo isto vai ser feito sem em um estudo claro e realista dos impactos urbanísticos e ambientais na marginal de Ponta Delgada. Que deveria ser sobretudo um local de amenidade e lazer para aproveitamento turístico.
Além disso o Portas do Mar com o seu espaço comercial de lojas e o centro comercial no aterro da Calheta podem representar a machadada final no comércio tradicional do centro histórico.
A nova centralidade da marginal vai de certo concorrer com o centro histórico no que concerne ao comércio e à restauração. Lojas mais apelativas, zona nova e agradável, vão naturalmente desviar os consumidores do centro histórico.
Tudo isto vai ser feito sem se ter tido a preocupação das acessibilidades para estes novos equipamentos. Continuamos a ter como único acesso a Avenida Inf. D. Henrique e o seu prolongamento para leste, já um verdadeiro cabo das tormentas para qualquer automobilista.
Estes projectos deviam ser mais realistas, melhor enquadrados no espaço em causa, e sobretudo articulados uns com os outros. O governo tem de se entender com a autarquia e esta tem de se entender com o governo. Para bem das populações, dos munícipes e dos cidadãos desta ilha. A democracia assim exige e obriga. Não podem estar de costas voltadas enquanto os problemas se vão avolumando. E cada um, á sua medida e isoladamente, tenta resolver, mas sempre parcialmente, e com custos financeiros e sociais muito elevados.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Que Centro Comercial da Calheta? Pode explicar melhor?

4:07 da tarde  

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